A porta estava fechada ao fim de um corredor longo e silencioso. Cada passo ecoava em minha cabeça como sino, que alerta um compromisso, no meu caso a porta.
As paredes de um caminho longo parecem reduzir o espaço e o pé-direito alto transforma a trajetória em uma nave gótica. Interessante que a medida em que as paredes diminuem, a porta aumenta.
O silêncio é inexplicável e, tanto que, a mente resgata inúmeras emoções compatíveis com o momento. O que apresentar-me-ia após a famigerada porta?
Não sinto medo, sou curiosa demais. O instinto felino sempre me deixou em alerta. Interessante que a memória olfativa busca aroma para ancorar uma análise crítica do momento, bem como, assegurar confiança de sobrevivência.
Diante da porta, eis que ela abre sem que eu a toque. A figura esquálida e branca como fantasma exclama: "Estávamos a sua espera, enfim, seja bem-vinda. Fiquei de castigo pela milésima vez porque enfrentei os professores num debate, no qual eu sugeri lógica em vez de religião arcaica.
Sobrevivi à reunião e ao colégio de ideias fantasmas. Nos próximos colégios que frequentei, ah, eu voei com poesias, passeios pelo pátio ajardinado e exposições que ficaram na história.
A EDUCAÇÃO É UMA BENÇÃO PORQUE EXERCITA A INTELIGÊNCIA - UM DOM DADO PELO CRIADOR QUE TODO MUNDO TEIMA EM TEMER (COMO O CORREDOR SILENCIOSO), MAS QUE É NADA MAIS, NADA MENOS, QUE UMA PORTA!
Eu não entenderia o que representa liberdade de expressão se não tivesse enfrentado o corredor e, determinada, enfrentasse a porta. Quando olho os retrógrados e preconceituosos, lamento como se os mesmos estivessem em leito de morte agonizante: o preconceito sequer produz o caminho e jamais ofertará a porta. O Criador é a luz da liberdade que existe dentro de nós, apenas dentro de cada ser humano.